“Duas a cada três pessoas não terão acesso à água, em 2025”

É o que apontou Sandra Kishi, Procuradora Regional da República e gerente do projeto Qualidade da Água, em palestra ambiental.

O evento foi preparatório para a Conferência das Partes – COP 21, que reunirá 196 países, incluindo o Brasil, para falar sobre estratégias para cuidar do clima e evitar um aquecimento global.

Realizado no dia 27 de outubro, pelas instituições PROAM – Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, MPF – Ministério Público Federal da 3ª Região, e EDEPE – Escola de Defensoria Pública do Estado, o evento contou com palestrantes renomados que abordaram suas principais preocupações com o ambiente e explanaram contribuições para a COP 21, a ser realizada Paris, em Dezembro deste ano.

Justiça social e direito à informação foram destaques por todos os palestrantes, que abordaram a importância da transparência dos governantes para a sociedade, assim como o direito à segurança de acesso aos recursos básicos para a sobrevivência, como a água potável.

A água foi eleita como prioridade para o evento de Paris, mas está “estranhamente marginalizada no documento brasileiro que vai à COP21”, afirmaram os palestrantes.

A explicação talvez esteja na “tendência paulista para a privatização deste recurso, que deve ser visto como bem comum e não pode como produto” observou Paulo Afonso, jurista premiado e professor de mestrado na UNIMEP, enquanto comentou tópicos da carta encíclica “Laudato Si”, do Papa Francisco.

Jairo Salvador, Ricardo Manoel e Sandra Kishi
Jairo Salvador, Ricardo Manoel e Sandra Kishi

O aquecimento dos oceanos tornará o planeta inabitável 

Carlos Bocuhy, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, e Luiz Marques, Professor de História da Unicamp, explicaram que com o degelo dos oceanos, no Ártico há o risco de liberação de uma enorme quantidade de metano para a camada atmosférica, que aquece 30 vezes mais do que o CO2. “O planeta ficará inóspito para a biodiversidade e também para o ser humano”.

O embaixador de Fiji, Cama Tulioma também esteve presente e passou sua experiência com o impacto do aquecimento dos oceanos: “somos um conjunto de ilhas e as famílias são costeiras, pois vivem do turismo e da pesca. Hoje muitas vilas estão com a água à beira das casas. Os danos são sociais e psicológicos: é desumano”, desabafou o embaixador.

Contribuições para a COP 21 

Do evento foram reunidas sugestões de contribuições para o documento do Brasil que vai para a COP 21. Entre elas:

– A utilização dos satélites para o desenvolvimento das cidades, possibilitando o monitoramento de impactos ambientais e como instrumento de auxílio do plano diretor, a fim de identificar desperdícios de energia e trabalhar em sistemas econômicos e renováveis;

– Considerar o fator humano nos estudos de impactos ambientais, adequando-os para incluir estudos etnográficos e antropológicos;

– Cobrar dos países, com atividades no Ártico, a prestação de contas com dados científicos do impacto ambiental;

– Exigir diálogo e transparência nos processos decisórios;

– Buscar alternativas para que o sol se torne fonte de energia e complemento de renda para as famílias;

– Apresentar prioridade de minorias e grupos sociais vulneráveis;

– Exigir que novos empreendimentos consultem os comitês de bacias hidrográficas da região; exigir que os comitês de bacias sejam majoritariamente população e entidades representativas destas;

– Responsabilizar pelos impactos ambientais também quem financia.

A Sociedade Ecológica Amigos de Embu – SEAE acompanhou o evento e trouxe as novidades para quem não pôde participar.