Origem da cidade
“A cidade de Embu tem suas origens na antiga aldeia M’Boy, criada pelos padres da Companhia de Jesus na primeira metade do século XVII, mais precisamente em 1554. M’Boy, Boy, Bohi, Bohu, Emboi, Alboy, Embohu. Diversas grafias foram registradas por Sérgio Buarque de Hollanda para a palavra indígena que nomeava a extensa região onde surgiu a aldeia. Diz a lenda que o nome M’Boy – cobra em tupi-guarani – foi dado para homenagear um índio que salvara da morte o padre Belchior de Pontes, figura fundamental na história da aldeia. Segundo Leonardo Arroyo, o termo M’Boy vem de Mbeîu, que significa “cousa penhascosa”, agrupamento de montes, coisa em cachos ou cacheados.

“De qualquer modo, era nessas terras montanhosas, que ficava a fazenda de Fernão Dias Pais – tio do famoso bandeirante caçador de esmeraldas – e Catarina Camacho, sua mulher. Em 24 de janeiro de 1624, o casal doou a propriedade aos jesuítas, incluindo os muitos índios que aldeara em torno da sede. Duas condições foram impostas por Catarina Camacho para efetivar a doação: o culto ao Santo Crucifixo e a festa de Nossa Senhora do Rosário, a quem a pequena capela da fazenda era dedicada.

A doação era bem conveniente aos jesuítas, que, atacados por índios na aldeia de Maniçoba, próxima de Piratininga (vila que deu origem à cidade de São Paulo), procuravam um lugar mais seguro para prosseguir com sua missão de catequizar o gentio. A nova aldeia, além de estar mais afastada do núcleo de Piratininga, ficava na confluência dos caminhos que levavam ao mar e ao sertão, um ponto estratégico.

Uma vez instalados, os padres iniciaram o trabalho de catequese dentro dos moldes de outros aldeamentos jesuíticos. O princípio básico era fixar os índios em torno das igrejas e colégios, protegendo-os da escravidão. Em troca, o gentio tinha que se submeter à nova disciplina que, na maior parte das vezes, entrava em choque direto com a cultura indígena. Além de se adequar à moral religiosa católica, que permitia um único casamento, os índios transformavam-se em agricultores sedentários.

Talvez por problemas de adaptação dos indígenas ao novo modo de vida, no fim do século XVII e início do XVIII, o padre Belchior de Pontes, então diretor da aldeia, resolve mudá-la para outro lugar não muito distante. Segundo relata o padre Manuel Fonseca no livro “A Vida do Venerável Padre Belchior de Pontes”, a nova aldeia ficava assentada num plano cercado de riachos que produziam peixes miúdos em tal quantidade, que podiam ajudar muito a sustentação dos índios. No novo local, o padre Belchior de Pontes ergueu também uma nova igreja, maior que a anterior, conservando a invocação a Nossa Senhora do Rosário.

O que as culturas indígenas têm a ensinar ao homem branco?
“Sobretudo a simplicidade na forma de viver. O índio sabe resistir muito bem ao que chamo de canto da sereia da cidade grande – essa febre de consumo que atrai as pessoas e que ilude a todos.”
DANIEL MUNDURUKU EM ENTREVISTA À REVISTA NOVA ESCOLA)

Em meados do século XVIII, a aldeia contava com 261 índios e apresentava sinais de prosperidade, destacando-se entre as demais. Já havia sido construída a residência dos jesuítas, com a ajuda dos índios. Além da mandioca, trigo e legumes, produzia-se algodão, que era fiado e tecido ali mesmo pelas índias. Há registros de exportações para Rio de Janeiro e Bahia em 1757. Uma outra peculiaridade da aldeia era a existência de uma banda de música, bastante respeitada na região. Composta de índios guaranis, que dedicavam duas horas da manhã e duas horas da tarde aos ensaios, a corporação musical participava de missas e procissões, se apresentando em localidades próximas.”

Agenda 21 Escolar de Embu das Artes. Publicação Sociedade Ecológica Amigos de Embu – SEAE/Fundo Estadual de Recursos Hídricos – Fehidro. Embu, São Paulo, 2005.

Embu Terra das Artes
A vocação artística da cidade começou em 1937, quando Cássio M’Boy, santeiro de Embu, ganhou o primeiro grande prêmio na Exposição Internacional de Artes Técnicas em Paris. Antes disso, Cássio foi professor de vários artistas e recebia em sua casa expoentes do Movimento Modernista de 1922 e das artes em São Paulo, incluindo Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Alfredo Volpi e Yoshio Takaoka.

Depois de Cássio M’Boy veio Sakai de Embu — reconhecido internacionalmente como um dos grandes ceramistas-escultores brasileiros. Sakai forma um grupo de artistas plásticos, ao qual pertence Solano Trindade.

Solano Trindade chega em Embu em 1962 e traz consigo a cultura negra, congregando um grupo de artistas em seu redor, e introduzindo a tradição dos orixás.

Com o 1º Salão das Artes, em 1964, a tradição artística da cidade institucionaliza-se e ganha projeção dentro e fora do Brasil. Paralelamente, a partir dos finais dos anos 60, a cidade passa a pólo de atração para hippies, que expõem os seus trabalhos de artesanato todos os fins de semana, dando origem à Feira de Artes e Artesanato.

Em 1959, Embu passa a ser município ao se emancipar de Itapecerica da Serra.

Um dos cartões postais do município, a Feira de Embu das Artes transformou-se no maior evento do gênero pela ação visionária de protagonistas como o escultor Assis do Embu (falecido em 2006), o ceramista Sakai do Embu (também falecido), entre outros nomes, na sua maioria artistas e hippies que expunham na Praça da República e vieram morar na cidade. Instalada inicialmente em frente ao Museu de Arte Sacra, no Largo dos Jesuítas, a feira surgiu com poucos artistas expondo suas obras em panos estendidos no chão.

Embu respira arte desde sua fundação. Os padres jesuítas e os índios guaranis foram os primeiros artistas de Embu. Suas mãos marcaram o caráter da cidade visíveis na arquitetura da igreja, na escultura dos santos de madeira, nas pinturas e entalhamentos. Documentos históricos contam que os jesuítas aceitavam encomendas de santos e é bem possível que essa tradição de santeiro tenha se mantido entre os poucos habitantes da vila durante o século 19 e início do século passado. A construção da igreja Nossa Senhora do Rosário, com sua torre em estilo moçárabe, já era arte.

Capela de São Lazaro

A origem da Capela de São Lazaro está ligada à uma imagem do santo esculpida em madeira pelo artista Cássio M’Boy, nos anos 20. O São Lazaro de Cássio M’Boy começou a atrair um grande número de devotos e, em 1934, decidiu-se construir uma capela para abrigar a imagem e seus adoradores. Em 1969 a capela foi restaurada aproximando-a das linhas da arquitetura jesuítica da Igreja Nossa Senhora do Rosário.

Conjunto Jesuítico Nossa Senhora do Rosário

O Conjunto Jesuítico Nossa Senhora do Rosário é formado pela igreja e pela antiga residência dos padres, conjugadas numa mesma edificação. O desenho das portas e janelas cria uma delicada movimentação da fachada. Trata-se de um dos mais importantes e preservados remanescentes das construções jesuítas em São Paulo, caracterizadas pela simplicidade das linhas retas.

A igreja começou a ser construída por volta de 1700 pelo Padre Belchior de Pontes em substituição à antiga capela da fazenda de Catarina Camacho situada não muito longe dali, também dedicada a Nossa Senhora do Rosário. A nova igreja teria suficiente capacidade para que os índios e vizinhos pudessem comodamente observar os preceitos a que estão obrigados, como registrou o Padre Manuel da Fonseca no livro ‘A Vida do Venerável Padre Belchior de Pontes’.

Museu de Arte Sacra dos Jesuítas

O Conjunto Jesuítico inclui a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e sedia o Museu de Arte Sacra. Sua arquitetura apresenta particularidades do estilo barroco paulista e um acervo rico em imagens de anjos, santos e personagens bíblicos entalhados em madeira, modelados em terracota ou em armações em roca, produzidas entre os séculos XVII e XIX. Creditam a autoria da imagem da Nossa Sra. do Rosário, em terracota, ao Padre Belchior de Pontes, responsável pela construção da Igreja. A obra prima do museu, “Senhor Morto” esculpida em tamanho real em uma única tora de madeira, bem como as imagens de Nossa Senhora das Dores e da Santa Ceia, em roca, são da autoria do Padre Macaré.

As demais peças expostas foram esculpidas por jesuítas auxiliados pelos índios. O tour tem a Igreja como ponto alto: a sacristia, com pinturas de estilo oriental no forro, e o altar da capela-mor, ornado com talha dourada.

Fonte dos Jesuítas

Descoberta em 1944, a fonte de água mineral em Embu das Artes, conhecida como Fonte dos Jesuítas, é uma das mais antigas do Brasil. O Decreto de Lavra foi expedido em 1950 e assinado pelo Presidente da República Dr. Eurico Gaspar Dutra. Está localizada em área de preservação ambiental de Mata Atlântica com fauna e flora exuberantes.

Desde 2005, o Grupo Água Mineral Natural Mata Atlântica vem cuidando do local. Uma ampla reforma foi realizada modernizando as instalações. No Fontanário todos podem tomar uma água fresquinha e conhecer o processo de envase.

Festas Populares:
Festa de Santa Cruz

A adoração à Santa Cruz popularizou-se depressa entre a população indígena. O símbolo da cruz, plantando pelos missionários nos terreiros das malocas, saudado pelo canto diário, fixando o local das cerimônias religiosas, dos sítios dos novenários, das orações, dos autos e das reuniões de pregação foi o primeiro trabalho deixado pelo europeu na terra brasileira.
Santa curuzu dos guaranis e santa curuçá dos tupis, manifestações religiosas decorrentes da cristianização dos povos indígenas, figuravam no devocionário mameluco, mestiço e caboclo.
Na Adoração à Santa Cruz, o próprio povo dirige a celebração, não há intervenção eclesiástica. O capelão, que é um pasiano, é o encarregado de cantar os versos de louvor. Por ocasião do IV Centenário de São Paulo, em 1954, a dança de Santa Cruz foi considerada contribuição da cultura do índio-jesuítica para a formação do Estado de São Paulo.

Tapete Corpus Cristhi

Comemoração religiosa com a participação da população, comunidades religiosas na montagem e procissão e também de artistas locais. As ruas são decoradas com belos tapetes. Festa tradicional na cidade.

Fontes:
Site – Prefeitura de Embu – www.prefeituraembu.org.br
Site – M’Boy – www.mboy.com.br
Franco, Maria Isabel C. (coord.). Agenda 21 Escolar de Embu das Artes. Sociedade Ecológica Amigos de Embu – SEAE/Fundo Estadual de Recursos Hídricos – Fehidro. Embu, São Paulo, 2005.