Capivari-Monos e Embu Verde

Capivari-Monos tem Plano de Manejo referência para a APA Embu Verde

No extremo sul da cidade de São Paulo, a janela que se abre dá vistas para outro horizonte que não o do cenário metropolitano. Especialmente, na Área de Preservação Ambiental (APA) Capivari-Monos, que ocupa os distritos de Parelheiros e Marsilac.  Deste território, 73% são constituídos por mata atlântica nativa e também em estado avançado de regeneração.

O nome é uma homenagem aos rios Capivari e Monos, únicos ainda limpos na cidade de São Paulo. O lugar abriga uma enorme biodiversidade e também mananciais, incluindo o berço do rio Embu-Guaçu, principal contribuinte da Represa Guarapiranga.

A área possui 251 km² e ocupa cerca de 1/6 do município de São Paulo. Tornou-se APA em 09 de Junho de 2001, por meio da Lei Municipal nº 13.136 e, de lá para cá, grandes lutas foram travadas para que a preservação acontecesse de fato.

Para gerenciar as tomadas de decisões e interferências dentro da APA, foi criado um Conselho Gestor, ainda em 2001.

Como a área é de uso misto, com residências e atividades econômicas, foi necessário, também, um documento com diretrizes de proteção, uso dos recursos naturais e ocupação do solo. Assim foi criada nova Lei Municipal, nº 13.706, de 05 de janeiro de 2004.

Plano de Manejo

O Plano de Manejo chegou em comemoração aos dez anos da criação da APA Capivari-Monos, em 2011. Ele é um documento técnico para definições permanentes de proteção, permissão das atividades econômicas e demais ocupações na região.

Foi elaborado em duas etapas: a primeira com a criação do diagnóstico socioambiental, estudo especial da região; e a segunda com uma série de oficinas participativas entre o poder público e as comunidades locais. O processo, idealizado pelo próprio poder público, durou cerca de dois anos, com atividades em 2009 e 2010.

Teve ampla participação das esferas governamentais, privadas e comunidades locais para a sua elaboração, visando garantir as contribuições diversas previstas em lei.

Associações de moradores, ONGs, setor privado agrícola, setor privado empresarial, setor privado turístico, comunidades indígenas, associações de ensino, Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, Subprefeitura de Parelheiros, Secretaria Municipal de Habitação, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Secretaria Municipal da Cultura, Guarda Civil Metropolitana, Fundação Florestal, SABESP e Polícia Militar Ambiental, foram as entidades que participaram da criação do documento Plano de Manejo da APA Capivari-Monos.

Capivari-Monos e Embu Verde

        Onça parda, espécie em extinção encontrada nas APA’s                  Capivari-Monos e Embu Verde Foto: SVMA

Mas porquê estamos falando dessa APA lá de São Paulo? Porque as semelhanças com a APA Embu Verde são muitas! A começar pela peculiaridade de serem Mata Atlântica.

E não se pode deixar de lado o histórico de ocupação, que vem desde a descoberta do Brasil: ambas as regiões receberam índios, jesuítas, alemães e japoneses. Depois vieram os nordestinos e também os sertanejos, em busca de trabalho.

Assim os cenários passaram por inúmeras transformações, com loteamentos, atividades de madeira, carvão, agricultura e o desmatamento desenfreado.

Depois veio a recuperação, onde as matas se reergueram e ainda se regeneram. Para evitar nova devastação, surgiu a necessidade de um cuidado mais rígido, com a criação oficial das APA’s: a Capivari-Monos em 2001, a Embu Verde em 2008. Pelas duas áreas circulam espécies ameaçadas de extinção. Entre elas, a bela onça parda.

O Rodoanel também corta as proximidades das duas APA’s e levou muitos prejuízos ambientais para as regiões. No entanto, a exemplo da Capivari-Monos, a instalação da rodovia não significa mudança da vocação sustentável da região.

O Plano de Manejo da Capivari-Monos é um modelo exemplar do documento. O da Embu Verde está em vias de elaboração, mas as dificuldades são parecidas.

Conflitos entre o crescimento e a preservação são inevitáveis, mas se olharmos para os bons exemplos e para o futuro, onde tudo converge para o sustentável, será possível encontrar as melhores soluções.